viernes, 30 de marzo de 2012

Corte de orçamento vai aprofundar recessão


Fonte:

http://www.cartacapital.com.br/internacional/corte-de-orcamento-vai-aprofundar-recessao/

Crise na Espanha

30.03.2012 16:58




Após anúncio de corte de 27,3 bilhões de euros nas contas do governo, analistas defendem que política europeia de austeridade não é o melhor caminho para conter crise . Foto: Marta F. Maeso
Um dia após uma greve geral levar milhares de pessoas às ruas de diversas cidades da Espanha, entre elas Valencia, Bilbao, Barcelona e a capital, Madri, o governo anunciou nesta sexta-feira 30 um corte de 27,3 bilhões de euros no orçamento de 2012.
A mais rígida medida de austeridade desde a redemocratização do país em 1978, segundo o ministro da Fazenda Cristóbal Montoro.
O objetivo é reduzir o déficit público de 8,51% do PIB do país em 2011 para 5,3% no final deste ano, embora a meta esperada pela União Europeia fosse de 4,4%. Inviabilizada, os líderes europeus concordaram em aumentar a margem, mas a ação gerou desconfiança no mercado e alta nos juros dos títulos da dívida espanhola.
Com o temor de enfrentar dificuldades para se financiar a partir da venda de títulos, o país optou pelas medidas de austeridade para garantir sua credibilidade, explica Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, embora isso deva provocar um “baque maior” maior na economia espanhola.
Antes do anúncio, a expectativa era que o país registrasse uma queda de 1,7% no PIB. “A medida não é o melhor caminho, porque o país já registra elevados níveis de desemprego, mas ao não cumprir a meta de déficit público ficou em situação delicada.”
Santos acredita que o país viu-se pressionado a apostar em no financiamento do mercado ao invés do crescimento econômico.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, doutor em economia e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), também defende que o corte no orçamento, a princípio, deve influenciar no crescimento do país, a menos que outros fatores – como um programa de relançamento da economia europeia –, o compense. “Os países europeus em cenário de recessão apresentaram uma leve melhora, mas não há, no momento, sinal de algum mecanismo de compensação.”
Em meio a pressões, o governo espanhol congelou o salário dos servidores públicos e deve cortar cerca de 15% do orçamento de cada um dos ministérios para atingir um valor final “muito austero”, segundo o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy – pressionado pela EU para conter o déficit público.
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O governo também pretende arrecadar 12,3 bilhões de euros em 2012, ajudado pelo aumento de impostos a grandes companhias e elevação de preços da energia em 7% e do gás.
Nas ruas, os espanhóis protestaram na quinta-feira 29. Barcelona reuniu cerca 800 mil pessoas nas ruas, de acordo com dados dos sindicatos e 80 mil nas estimativas da policia. Em Madri, os sindicatos estimaram a participação popular 900 mil indivíduos.
O país tem o maior índice de desemprego da Europa, com 24% de sua população desocupada. Entre os jovens a situação é ainda mais crítica com quase metade dos jovens com menos de 25 anos estão sem trabalho.
Segundo o consultor do IEDI, essa situação também é influenciada pela política da UE de defender cortes para reequilibrar o orçamento de países em crise, seguindo a lógica de que isso favoreceria o retorno do crescimento. “Se um corte leva ao declínio da atividade econômica, fica mais difícil obter o equilíbrio fiscal”, questiona.
“Qual país tem uma melhora no seu déficit fiscal capaz de beneficiá-lo de tal forma a tirá-lo da crise? A melhora fiscal não é um elemento que por si só promova a volta do crescimento do país.”
Neste cenário, os ministros da Zona do Euro chegaram a um acordo nesta sexta-feira para reforçar a barreira contra a crise a até 800 bilhões de euros, como pretendia a Alemanha. A ideia é unir os fundos já comprometidos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), para os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda, e os do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE), definidos em 500 bilhões de euros.
A Comissão Europeia (CE) e alguns países, como a França, tinham um objetivo mais ambicioso. Pretendiam passar uma imagem de extrema solidez perante os mercados elevando o MEDE, o fundo permanente de resgate, que prevê entrar em vigor em julho, a 940 bilhões de euros.
Para isso propuseram acrescentar também os fundos não utilizados do FEEF, estimados em 240 bilhões de euros, como modo de reserva e em caso de extrema necessidade.
De acordo com Santos, o valor não seria suficiente para criar uma barreira efetiva, estimada pelo professor em 1 trilhão de euros. “Chegaram a este valor porque é o mínimo demandado pela Inglaterra e EUA para aceitar aumentar o volume de recursos do FMI.”
Por outro lado, Almeida acredita que o valor do fundo é suficiente, mas outra solução seria um arrojo maior com um programa de reestruturação de parte das dívidas nacionais por títulos de responsabilidade da União Europeia. “Essa medida seria complicada, pois haveria um comprometimento de países que hoje não estão na berlinda com a dívida de outros. Mas seria um bom início de entendimento para reduzir as dívidas impagáveis e melhora a situação dos que entram em situações críticas.”
O bloco, explica, deveria ter um programa mais flexível no campo fiscal e ter um programa de relançamento das economias da região. “Isso ajudaria esses países a se fortalecer fiscalmente, mas sem impulsionar a recessão.”

sábado, 24 de marzo de 2012


“Os dias de gastar dinheiro que não temos
em coisas das quais não precisamos
para impressionar as pessoas com as quais
não nos importamos chegaram ao fim“

Tim Jackson

‘Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito’
4/10/2011 4:26, Por Redação, com BBC - de Londres
http://correiodobrasil.com.br/imagens/bbc.gif
Tim Jackson quebra o paradigma capitalista do crescimento infinito

Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão?
Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levaram a agência inglesa de notícias BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo fracassou.
Neste texto, Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey e autor do livroProsperity without Growth – Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito), defende o abandono do mito do crescimento infinito:
Toda sociedade se aferra a um mito e vive por ele.
O nosso mito é o do crescimento econômico.

Nas últimas cinco décadas, a busca pelo crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo. A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.
Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para sua sobrevivência.

Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.

As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar. O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico. As empresas lutam para sobreviver. As pessoas perdem seus empregos e em certos casos suas casas.

A espiral da recessão é uma ameaça. Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários. Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia. Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.

Crise e oportunidade

Mas a crise econômica nos apresenta uma oportunidade única para investir em mudanças. Para varrer as crenças de curto prazo que atormentaram a sociedade por décadas. Para um compromisso, por exemplo, para uma reforma radical dos mercados de capitais disfuncionais.

A especulação sem controle em commodities e em derivativos financeiros trouxeram o mundo financeiro à beira do colapso há apenas três anos. Ela precisa ser substituída por um sentido financeiro mais longo e lento.

Consertar a economia é apenas parte da batalha. Também precisamos enfrentar a intrincada lógica do consumismo. Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim. Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.

A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais. Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas.

Indicadores vitais

Autor: 

Edgard Catoira



De uma forma geral, em todos os países a economia ocupa um espaço enorme dos noticiários, talvez maior do que o preenchido pelas páginas policiais. Taí, ainda não inventaram um índice para monitorar isso… De qualquer forma, no Brasil, somos bombardeados por uma profusão de indicadores econômicos, explorados para prever a tendência de queda ou alta de tudo. Sem falar da interpretação econômica sobre todos os fatos.
Se o ministro da Fazenda dá um espirro na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, é sinal de que o preço dos medicamentos pode subir 7,25%. Se a ministra das Relações Institucionais é fotografada de óculos escuros, mau sinal: as negociações do Planalto com a bancada ruralista não vão bem – o que significa um viés de alta do índice de inflação das famílias de baixa renda medida pela Fundação Getúlio Vargas. É um inferno!

'O fato é que já não suporto mais tantas informações sobre IPCA, IPCA-E, IGP, IGP-DI, Dow Jones, Nasdaq, Ibovespa, IBX, IBX50, S&P 500, Hang Seng...'
Mas também é certo que a ocupação do nosso território pelos cientistas econômicos se deu em grande parte pelos anos de superinflação que a turma mais nova, felizmente, não sabe bem o que é. Os mais pobres, no final do dia, ficavam mais pobres. Os mais ricos, de uma noite para outra, ficavam mais ricos. Recebiam a visita da fada do overnight e faziam a festa. E empresários inescrupulosos ganhavam um dinheirão ao atrasarem o pagamento da folha dos empregados. Sem falar que se os negócios fossem mal, bastava pedir uma concordata. As dívidas eram corroídas pela inflação e os bens e demais ativos preservados. O tempo resolvia tudo, bastava ter paciência e não ter vergonha na cara.
O fato é que já não suporto mais tantas informações sobre IPCA, IPCA-E, IGP, IGP-DI, Dow Jones, Nasdaq, Ibovespa, IBX, IBX50, S&P 500, Hang Seng. E chega de tantas previsões sobre a próxima reunião do Copom, por mais que a Miriam Leitão seja muito simpática e inteligente. Aliás, verdade seja dita, procura sempre que possível escapar do contexto das “Zora Yonaras” a preverem o que vai acontecer com a crise da Grécia. Por que não voltamos a consultar oráculos, ao invés de tentarmos desvendar as entrelinhas das atas das reuniões do Copom?
A importância exagerada aos indicadores econômicos também me faz associar países a pacientes internados em UTIs apenas com os bolsos da calça monitorados. Todos aqueles aparelhinhos que emitem sons e produzem gráficos sofisticados dão conta de monitorar todas as bolsas do mundo, todos os indicadores imagináveis para orientar a administração dos medicamentos na dose certa.  Em geral, a receita clássica se repete: arrocho salarial e corte de benefícios sociais. Senão o paciente morre.
Mas e as demais funções vitais? Por que não se dá o devido destaque para os indicadores da Educação e da Saúde? Por que não acompanhamos com mais atenção, por exemplo, a evolução das notas de Português, Matemática, Ciências, História dos nossos estudantes? O tempo de espera nas filas dos hospitais, o índice de mortalidade infantil e o grau de satisfação da população com os serviços públicos?
Também pergunto por que o administrador público responsável é apenas aquele que limita os gastos com as pessoas e segue construindo viadutos, estradas, túneis e fontes luminosas, antenados apenas nos índices econômicos e nos limites de uma suposta responsabilidade fiscal?
A ponte para um futuro mais feliz pode depender da avaliação de outras respostas. Mas parece que o essencial é apenas salvar o bolso de alguns pacientes.

viernes, 17 de febrero de 2012

II Curso de Extensão sobre Crise


Núcleo oferta curso gratuito sobre crise econômica
O Núcleo de Economia Política (Viès), vinculado à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo da Universidade Federal do Ceará, está com inscrições abertas, até dia 15 de março, para o curso “Da crise econômica à crise das Ciências Econômicas”.
Dentre os conteúdos abordados, estão os desdobramentos da crise financeira iniciada em meados de 2007 e seus impactos sobre a economia mundial, a política e a sociedade. O público em potencial são estu-dantes, profissionais e pesquisadores de áreas afins à Economia, mas o curso é aberto a toda a comunidade acadêmica.
Interessados podem inscrever-se pelo e-mail: inscricaovies@gmail.com. O curso é gratuito, terá 16 horas-aula e renderá certificado de participação aos participantes. As aulas começam dia 16 de março e serão ministradas às sextas-feiras, de 18h30min às 20h30min, na Sala 27 do Bloco Didático da FEAAC.
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (85) 3366.7562 ou através do blog do núcleo (http://viesufc.blogspot.com) dos perfis do Viès nas redes sociais: @vies_ufc (Twitter) ewww.facebook.com/vies.ufc (Facebook).
 Fonte: Antônio Mota, integrante do Viès –  (85) 3366.7562